quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Justiça Restaurativa de Porto Alegre é contemplada com Simpósio


 Evento trouxe palestras de renomados especialistas para abordar suas práticas e dividir experiências

Nos dias 29 e 30 de outubro, transcorreu o 3° Simpósio Internacional de Justiça Restaurativa, no Auditório do Ministério Público (Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, 80 – Porto Alegre/RS).

Nas duas datas, o encontro brindou a Justiça Restaurativa da Capital Gaúcha com as abordagens dos principais nomes do cenário mundial, foram eles respectivamente: João Salm (Justiça Restaurativa: histórias de democracia e participação); Barry Stuart (Processos colaborativos para responder com eficácia às questões sociais complexas); Carolyn Boyes-Watson (Justiça não é um esporte para espectadores); Catherine Bargen (Justiça Restaurativa comunitária em British Columbia: potencialidades e desafios).




A Escola Rafael Pinto Bandeira sempre atenta quanto as questões relativas à Justiça Restaurativa e suas boas práticas, se fez representado pelos professores: Clemi Guindani Gonçalves, Dayse Laitano, Ivelise Shultz, Lucia Oliveira, Fábio Rodrigo Anacleto Schuch e Fábio Saltiél. Veja as fotos em álbumdo facebook da Escola!


 
O grande destaque da programação ficou por conta do canadense Barry Stuart. Stuart foi juiz no território de Yukon. Lecionou em várias universidades, e conduziu numerosos cursos sobre mediação, negociação multipartidária, colaboração participativa dirigida pelos integrantes e uma vasta gama de tópicos relacionados à governança. Participou de iniciativas em prol de políticas públicas. Lançou a aplicação de Círculos de Construção de Paz. Além de ter ampla experiência em questões constitucionais e de governança. Em sua fala assegurou que manterá contato com Porto Alegre.
 
A necessidade do diálogo:

A Justiça Restaurativa é uma realidade que avança e cresce no Brasil, com a vitalidade e força próprias do anseio coletivo por Justiça enquanto valor universal.

Experiências brasileiras confirmam ser possível as instituições do Estado Democrático de Direito conviverem com alternativas de solução dialogada de conflitos. Demonstram que, mais além do rigor da lei processual e das garantias constitucionais, existe espaço para o encontro, o consenso e a convergência, sem descuidar de conquistas fundamentais como a legalidade, o devido processo legal, a presunção de inocência e a ampla defesa.

No País, como no plano internacional, essas experiências convidam a promover a Justiça como direito à palavra, empoderando as pessoas para atuarem na pacificação dos conflitos ou infrações em que estejam envolvidas. Convidam para encontros juridicamente protegidos abertos à expressão da humanidade de cada um, de reconhecimento mútuo, de compreensão da complexidade das causas subjacentes a qualquer conflito. Convidam a cooperar voluntariamente na construção de consensos capazes de promover empatia e auto-responsabilidade de ofensores, a reparar os danos sofridos pelas vítimas e comunidades e a ativar a cidadania, abrindo espaços concretos de participação e corresponsabilização. Convidam para que cada infração ou conflito sirva como oportunidade de aprendizagem e de revelar as subjacentes desigualdades sociais e toda sorte de violências estruturais comuns às sociedades modernas.

Em se tratando a Justiça Restaurativa de um conceito que suscita infinitas possibilidades de aplicação – não apenas metodológicas, mas também técnicas e culturais – há que se zelar pela integridade e fidelidade ao arcabouço teórico, que vem garantindo sua eficácia em muitas partes do mundo.

Trata-se, portanto, de um intercâmbio de grande importância. O 3º Simpósio Internacional de Justiça Restaurativa foi a oportunidade de encontro com juristas e cientistas sociais canadenses e norte-americanos, que trazem uma diversificada experiência de mais de 30 anos em campo.

O futuro da Justiça Restaurativa no Brasil é promissor e vem acompanhado de inúmeras iniciativas de modernização no escopo do judiciário. Mais além do tradicional monopólio de composição de litígios, o desafio é promover a Justiça como função de domínio público voltada à pacificação da conflituosidade social. As iniciativas de profissionais dedicados à construção da segurança social e da justiça através da educação nos levarão mais adiante.

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